
A carreira é influenciada pelas preferências, vontades, ambições, motivação, cultura, expectativas e valores de cada um. Nesse sentido, valores são os planos de julgamentos (o que é correto, adequado, aceitável)que leva em consideração as preferências do que é desejável para o indivíduo, são eles que determinam as propensões comportamentais que reforçam as decisões sobre as âncoras de carreira. Segundo o Prof. Joel de Souza Dutra, um dos maiores especialistas brasileiros em carreira, “o conhecimento das pessoas sobre suas preferências profissionais habilita-as a fazer escolhas mais conscientes”.
Os valores impactam nas âncoras de carreira, que orientam as trajetórias profissionais, por isso conhecê-las é fundamental para a opção de uma carreira em detrimento de outras e até mesmo para definir o que a pessoa não aceita de forma alguma para si mesma. Cada âncora indica os elementos da realidade que irão impactar nas preferências por determinada função, carreira, organização ou oportunidade. A âncora predominante norteia o comportamento profissional e demonstra do que ele não abdica mesmo quando precisa tomar decisões difíceis. O conceito de âncoras de carreira é uma forma de explicar os motivos que levam às tomadas de decisões profissionais.
O professor e psicólogo Edgar Schein, um dos maiores pesquisadores sobre cultura organizacional propõe oito tipos de âncoras de carreira, onde convido cada leitor a uma autoanálise para saber do que “não abre mão” na hora de fazer escolhas profissionais.
1) Competência gerência geral: busca posições hierárquicas crescentes e de liderança. Valoriza e gosta de ser reconhecido pelos resultados. Gosta de fazer parte do sucesso organizacional.
2) Competência técnica ou funcional: valoriza o conhecimento, a especialização e o domínio técnico. Gosta de organizações que incentivam a educação (bolsas, verbas, licenças). Aprecia ser reconhecido e respeitado por outros especialistas ou por colegas de trabalho.
3) Segurança/Estabilidade: busca segurança física e financeira, com ganhos fixos. Gosta de rotinas, horários, estabilidade e garantia de emprego. Aprecia trabalhar em organizações que oferecem plano de carreira a longo prazo, concedem benefícios para o profissional e para a família (plano de saúde, aposentadoria).
4) Criatividade: preocupa-se em criar novos negócios, produtos ou serviços ou aprimorar o que já existem. É empreendedor, gosta de influenciar outras pessoas.
5) Autonomia/Independência: gosta de liberdade e independência. Busca empresas que ofereçam flexibilidade para decidir como e quando trabalhar. Aprecia remuneração por mérito e desempenho.
6) Serviço ou dedicação: Dedica a uma causa, contribui com a sociedade. Valoriza o esforço e não somente os resultados. É leal a uma causa e não à organização. Procura trabalhar em profissões relacionadas à assistência.
7) Puro desafio: procura soluções para problemas aparentemente insolúveis, aprecia vencer situações adversas ou oponentes. Busca oportunidades constantes de provar sua capacidade e vencer obstáculos cada vez mais complexos. Pessoa competitiva, desafiadora e motivada. 8) Estilo de vida integrado: pensa estrategicamente. Busca oportunidades que permita conciliar e integrar necessidades pessoais, familiares e as exigências da carreira.
As âncoras afetam as decisões para mudança de emprego e determinam o que o profissional planeja e espera do futuro, influenciando suas reações em relação as suas escolhas e a transição profissional. No atual cenário de mudanças, repensar a carreira profissional é muito mais do que mudar de emprego ou ascender hierarquicamente na empresa, sobretudo é desenvolver o autoconhecimento para saber o que realmente é importante para você.
Profa. Dra. Yeda Oswaldo é doutora em psicologia, mestra em educação, especialista em gestão de pessoas, psicóloga organizacional e palestrante. Escritora, é autora do livro Planejamento e autogestão de carreira – contextos e desafios sob a perspectiva holística (2a. Ed., Editora Livrus). Para saber mais sobre a autora, palestras e demais publicações clique aqui.