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16- GANHEI MEU PAI: DESPEDIDA RELATIVA

segunda-feira, 29 de junho de 2009




Queridos amigos, ontem, dia 28 de junho de 2009 às 8:15h, ganhei meu pai.

Por saber que a Vida continua, não posso dizer que o perdi.

Eu o ganhei, agora numa nova dimensão, que é a verdadeira.

Deus com suas leis sábias e amorosas, permitiu que meu pai não ficasse num corpo que o aprisionava e lhe causava tantas dores. Após quase um mês de internação a libertação aconteceu.
Hoje ele renasce, ressurge, e se abre para uma vida nova

Eu e meu irmão estávamos com ele ao lado do seu leito, e o vimos seguir adiante cheio de paz.

Ele sempre desafiou a medicina. O câncer apareceu primeiramente no pâncreas e, mesmo após a cirurgia bem sucedida, seu médico lhe disse que teria uma sobrevida de apenas seis meses a um ano. Na melhor das hipóteses uns dois anos.

E isso foi há dezesseis anos. Primeira grande conquista de um triunfador.

Não se tratou de uma sobrevida sofrida, com dores e angústias relacionadas à recidiva da doença. Houve qualidade de vida e saúde estável.

Tempos depois surgiram os tumores no fígado.

A quimioterapia mensal não era agressiva, os cuidados e atenções dos médicos eram adequados e ele também viveu relativamente bem os últimos anos.

Complicações maiores vieram somente agora há dois meses, e em 02 de junho se tornou necessária a internação.

Após vermos os resultados do seu exame de tomografia computadorizada ficamos muito surpesos pois seu fígado estava repleto de lesões cancerosas. Era como se um verdadeiro aglomerado de tumores, como um imenso cacho de uvas, tomasse conta do orgão inteiramente, restando quase nada de tecido hepático saudável.

Mais um desafio à medicina. Não conseguimos compreender como ele conseguiu estar bem durante os meses iniciais deste ano numa situação como essa, sem dores, sem outras complicações, e é quase impossível imaginar que esse quadro tivesse apenas dois meses de idade.

Sempre bravo, sempre vitorioso.

Estamos todos bem, ele que partiu e nós que ficamos.

A fé na realidade espiritual, na vida pós-morte, na bondade infinita do Criador, e a certeza do reencontro, sempre nos alicerçaram emocionalmente.

Quero continuar a escrever aqui sobre descobertas e aprendizados que fiz ao longo de todos os dias em que estive com ele como seu acompanhante no hospital; compartilhar essas lições é algo que me ajudará muito e pode igualmente auxiliar outras pessoas.

Somos muito gratos a todos pelas preces, vibraçoes, e pelo carinho que recebemos.

E enviamos muitos abraços a todos.

Kau






15- MEU PAI: O HOMEM QUE ME APRESENTOU O SOL NASCENTE

segunda-feira, 22 de junho de 2009


MEU PAI: O HOMEM QUE ME APRESENTOU O SOL NASCENTE
(por Kau Mascarenhas / sábado, 21 de junho de 2009)







Hoje estou no hospital com meu pai.
A maior parte do tempo fico aqui com ele como seu acompanhante desde que foi internado há três semanas, após os tumores do fígado terem despertado quais vulcões que aparentavam estar extintos, cobrando agora atenção com erupções de alteraçôes em sua saúde.
Toca minha alma o fato de vê-lo acamado, com o corpo enfraquecido e os olhos quase sempre fechados. E nos poucos momentos em que ficam abertos, lhes falta o brilho costumeiro. Esta se mostra, sem dúvida, como a fase mais difícil que sua saúde já viveu desde que conheceu o câncer.
Estar aqui no hospital com ele me faz refletir acerca da vida e das transições que passamos enquanto espíritos humanos com mente absurdamente poderosa numa realidade corpórea com certas limitações. Igualmente, penso muito acerca dos vários significados possíveis para as dores que vivenciamos.
Lembrei-me de muitos episódios especialíssimos com os quais a sabedoria e o amor de meu pai me brindaram. Um deles foi o momento em que vi o sol nascer pela primeira vez.
Era um desses desejos que uma criança de nove anos repete para os pais várias vezes de forma insistente, por semanas. Havia assistido na TV a algum filme ou novela em que aparecia o nascente, mas àquela época nosso aparelho ainda era em preto e branco.
Imaginava o quanto devia ser lindo assistir ao espetáculo do sol estreando um novo dia, saindo glorioso por detrás do horizonte, colorindo as nuvens com as cores laranja e rosa em diferentes tons.
Numa noite de verão meu pai resolver atender meu desejo e me disse: “- Amanhã vamos juntos ver o sol nascer. Prepare-se para acordar bem cedo, heim?”
Nossa! Quase não dormi aquela noite. Para mim não era pura e simplesmente ver um espetáculo natural ou satisfazer um capricho de infância, mas ir com meu pai, eu e ele sozinhos, numa aventura diferente e emocionante. Ele me falou que não iríamos pela rua, e sim atravessaríamos as dunas de areia branca e a mata até chegarmos à praia. Para minha mente imaginativa aquilo era algo de tirar o fôlego!
Mais de três décadas se passaram. Agora ele está ali na cama à minha frente. Meu herói ferido.
Encontra-se adormecido a maior parte do tempo e, por não conseguir comer, foi necessário inserir a sonda nasal para alimentação enteral. O soro permanece hidratando e repondo sais do seu corpo por via venosa. Por recomendação médica, não deve se movimentar muito. Por isso permanece em repouso quase o tempo inteiro, e até o banho é feito no leito. De fato, não é uma situação muito confortável.
Nosso planeta não é cor-de-rosa o tempo todo.
Vivemos aqui situações que envolvem emoções como medo, raiva e tristeza, e não apenas alegria e experiências amorosas. Tudo isso é muito humano. Como diria Nietzsche, “demasiadamente humano”.
Acompanhar a doença e o envelhecimento de um ente querido mexe com questões absolutamente humanas como a nossa impotência em determinados contextos. Outro ponto em que essas situações nos tocam é a realidade de que a idade também baterá à nossa porta.
Mas como dizem alguns é muito bom envelhecer, até porque a outra opção que temos é morrer cedo. Que olhemos os fatos a partir de novos ângulos.
De todos os aprendizados importantíssimos que extraí de abordagens que se apoiam em neurociência, especialmente a PNL – Programação Neurolinguística, o mais importante em minha vida é, sem sombra de dúvida, a ressignificação.
Nós não reagimos aos fatos, mas ao significado que damos aos fatos. Dar um novo significado é como colocar uma outra moldura numa experiência e a partir de então ter reações e sensações novas diante dela.
Podemos ver a dor chegar e não mergulhar nela, se compreendermos que ela tem como significado um recado da vida para que iniciemos uma mudança.
Podemos não chegar à satisfação de uma expectativa e mesmo assim sentir algo diferente ao invés de fracasso. Basta ver que aí reside algum aprendizado a ser percebido.
Podemos considerar como grandes conquistas as pequenas mudanças na recuperação da saúde de um paciente. Por exemplo, um momento em que meu pai simplesmente se levantou da cama com nossa ajuda para um trabalho de fisioterapia para nós já se mostrou como uma vitória digna de ser festejada.
Podemos extrair enfim, de cada coisa pequenina ou até mesmo das maiores dificuldades, algum rico tesouro, separando do cascalho das dúvidas e julgamentos, as pepitas de ouro escondidas que querem se lançar sobre nossas vidas, mostrando-nos bênçãos de paz, fé, acolhimento e amor.
Meu pai me ensinou isso em muitos momentos. E aquela simples madrugada em que saímos juntos tornou-se um momento emblemático.
Ele trabalhava na Petrobrás e o bairro em que morávamos, e onde ainda reside com mamãe, nasceu de uma iniciativa do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Extração de Petróleo, daí seu nome: a sigla STIEP. Trata-se de um conjunto habitacional de classe média que possuía casas iguais e que atualmente, quarenta anos depois de construído, estão completamente remodeladas.
A leste, o bairro possui uma área preservada de mata e grandes dunas de areia muito alva, numa extensão de alguns hectares. Provavelmente, em sua parte maior, deve ter altura equivalente à de um prédio de uns seis a oito andares.
Era o lugar predileto das nossas brincadeiras da infância e da adolescência, e nos deliciávamos descendo as dunas em desabalada carreira ou rolando o corpo e chegando lá embaixo com areia da cabeça aos pés. Minha mãe havia nos proibido de ir brincar no areal pois o considerava território deserto e perigoso. Ali também já havia ocorrido acidentes com crianças sendo soterradas.
Claro que essa lei foi quebrada inúmeras vezes. Era um lugar perfeito para crianças urbanas brincarem pois, mesmo dentro da cidade, se assemelhava a uma floresta. Tinha nas suas muitas árvores várias espécies de pássaros, curiosos sagüis, calangos e cobras. Nas áreas de mata fechada se encontravam ingazeiras e cajueiros. E, é claro, lá estava o tobogã natural com muitos metros de areia branca e macia sobre a qual deslizar. Algumas vezes usávamos caixas de papelão e a diversão de descer em alta velocidade pela rampa branquinha até lá embaixo era ainda maior. Só um adulto muito ingênuo imaginaria que poderia segurar com proibições nossa vontade de fazer essas mil peripécias no areal.
Mas naquela manhã eu teria o aval de meu próprio pai para escalar as dunas e para me embrenhar na mata. Melhor, ele estaria na aventura comigo!
Saímos de casa ainda com a escuridão da noite; a lua e um montão de estrelas brincavam no céu, sem pressa para se recolher. No entanto, mais ao longe, alguma claridade já despontava fazendo o firmamento ter um azul menos profundo em certas áreas. Meu irmão, três anos mais novo, continuou dormindo gostoso em sua cama. Ao sair, orgulhoso, eu pensava: “essa não é uma missão para ele, uma criança pequena, mas para mim, um corajoso explorador com nove anos de idade!”
Sentir a mão do meu pai segurando a minha me enchia ainda mais de orgulho.
Descemos o barranco que havia no final da nossa rua e rumamos para as dunas. Nosso destino final: ver o nascer do sol na praia.
Chegamos logo ao areal e antes de subir a grande ladeira feita de grãos branquinhos e finos, retiramos as sandálias de borracha e as prendemos nos dedos das mãos calçando-as como luvas. Foi possível sentir como a areia estava fria e úmida após ter recebido o orvalho da noite. Era muito gostosa a sensação dos pés entrando na areia, vencendo a camada mais dura e levemente molhada e encontrando a camada de baixo, mais solta, igualmente fresca mas com textura diferente, que deslizava por entre os dedos. As sombras ainda dominavam a paisagem e os grilos enchiam o ar com seu insólito cântico.
Meu pai e eu subimos o morro usando também as mãos munidas com as sandálias havaianas, como apoio, e ao chegarmos no topo, uma espécie de platô que se estendia por mais uns 150 a 200 metros até a descida da mata, sentamos ali para respirar um pouco, descansar os músculos das coxas, e olhar a paisagem. À época quase nada havia além das casas do STIEP e mais um ou outro prédio salpicando os bairros do Costa Azul e da Pituba bem adiante. E logo ali, às nossas costas, a mata que descia e nos levaria à praia do Jardim de Alah com seu coqueiral, um cartão postal da bela cidade do Salvador.
Hoje a realidade é bem diferente e são inúmeros os empreendimentos imobiliários da região que ainda fazem pipocar mais e mais prédios altos todos os anos. Se escalarmos o areal atualmente teremos outra visão. Espero que essa área continue preservada e possa continuar representando para muitos meninos o cenário de aventuras que foi para mim, meu irmão e meus amigos.
Começamos a andar no platô e antes de chegarmos à mata meu pai falou:
- Cuidado! Olhe isso aqui, meu filho. Quase pisamos neles – falou sussurrando.
Eram dois calanguinhos verde-azinzentados dormindo abraçados na areia, tendo o maior não mais que quinze centímetros, já contando com a cauda.
Fiquei encantado. Já ia dirigindo minha mão para tocá-los e meu pai impediu.
- Não, filho. Eles têm o direito de dormir mais um pouco pois o sol ainda nem acordou. Deixe os bichinhos em paz.
Durante nossa infância meu pai sempre aproveitava ocasiões como aquela para nos dar lições sobre ecologia e respeito a todo e qualquer ser vivo.
Depois de descermos o areal do outro lado, enveredamos pela mata acompanhando o fino riacho daquela região a que chamávamos de “Paraíso”. Anos mais tarde aquele local seria usado por usuários de drogas e representaria perigo se acessado à tardinha e à noite.
Ao todo foi uma caminhada de 20 minutos no máximo, e chegamos à praia antes das 5:30.
As nuvens não permitiram ver o astro-rei sair por detrás do horizonte como eu havia sonhado, no entanto o espetáculo se mostrou ainda mais impressionante.
Ao sentarmos na areia, com os olhos voltados para o horizonte, víamos altos cúmulos cinzentos que escondiam o sol mas deixavam seus raios saírem espremidos por entre suas bordas rendilhadas e coloridas em tons dourados e rosáceos. Eram lindos e bem definidos os filetes de luz que se esgueiravam permitindo que desenhássemos com a mente o ponto central escondido pelas nuvens. A imagem fazia lembrar um quadro com uma representação católica do Sagrado Coração de Jesus que minha avó tinha na sala de sua casa.
Aqui e ali uma gaivota lançava seu trino característico enquanto a brisa soprava nossos cabelos. Sobre o mar a luz também demonstrava seu poder e sua arte, derramando uma miríade de pontos luminosos horizontais ao longe, dançando em cores diferentes ao sabor das águas e, na beirinha, deixando a espuma mais branca na faixa de quebra das ondas. Bem perto dos nossos pés a areia se convertera num espelho que refletia toda a beleza que era construída nas alturas.
Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali contemplando a pujança daquele nascente que Deus havia nos dado. Quem conhece meu pai sabe que ele não é de falar muito. Portanto, é bom que se diga que aquele foi um instante cheio de cor, brilho, afeto, mas, igualmente, de paz e silêncio.
Eu era ali um menino muito feliz. Tinha meu pai da terra sentado ao meu lado, e o Pai dos céus se esmerando acima de nossas cabeças em construir mais uma das suas lindas e únicas obras, nos ofertando um momento mágico para guardar no coração. Meu primeiro sol nascente.
Hoje estou aqui no hospital com ele e o vejo dormindo enquanto digito esse texto. Penso nesses dois pais maravilhosos. O pai que me deu o corpo físico e o Pai que soprou a vida que tenho, como espírito. Sou muito grato a ambos.
Os dois são tranqüilos; serenos e silenciosos. Ambos são de poucas palavras, mas muito presentes.
Vejo a presença de Deus, carinhosa e sossegada, em tudo o que me cerca e na bênção que é existir. E acompanhar a resistência de meu pai, pacífica mas firme, também me faz ter muita fé sempre. É hoje a sua forma de estar presente em minha vida e de continuar me ensinando.
Em vários momentos ele driblou corajosamente todas as expectativas sombrias dos prognósticos médicos.
Após a primeira cirurgia para retirada de um tumor de pâncreas, os médicos previram de 6 a 12 meses de vida. E isso aconteceu há 16 anos. Homem forte!
Recorremos à medicina do mundo material e à do espiritual para ajudar em seus processos de cura. Orações, vibrações, passes, fluidoterapia, tratamento mediúnico, além de todos os recursos que o mundo pode oferecer. Os resultados foram excelentes e ele teve uma vida praticamente normal, de saúde boa e estável em quase todo esse tempo.
Nos últimos cinco anos o câncer acordou em outro órgão, o fígado, e a partir de então ele começou a apresentar seus altos e baixos. Contudo, sempre se saiu bem e nos fez boas surpresas. Certamente, fará o mesmo outra vez.
Sei que qualquer momento de dor pode ser também oportunidade de crescimento e de grande aprendizado. Estou tirando dessas três semanas de hospital com ele preciosas lições sobre a delícia de cuidar de quem se ama, a bênção de servir a quem tanto já me serviu, a glória de fazer sentimento virar ação em favor de quem precisa, a ajuda de várias pessoas que nos dão sua generosa presença e seu carinho curador, enfim, a inefável e doce comunhão de almas que se colocam juntas para atravessar mais facilmente uma fase de desafios.
Hoje, aqui no hospital, estamos ligados para mais uma aventura. Só que dessa vez meu pai é meu filho.
Assim como ele me convidou naquela madrugada a pegar sua mão para ver o nascer do sol, hoje sou eu que aperto a sua e lhe digo que o amo, e que estou ao seu lado, enquanto ajudo os enfermeiros a fazerem algum procedimento. Podemos ressignificar esse instante numa nova aventura a desfrutar juntos.
Protejo o seu sono das formas como posso, procurando diminuir o entra-e-sai bastante comum num quarto de hospital, deixando que durma tranquilamente, assim como ele fez com os pequenos lagartos do areal naquela madrugada.
E olho para o alto pedindo a Deus proteção e paz, saúde e forças, recordando daquele início de dia com suas nuvens coloridas e dos raios de sol que delas saíam, fulgor amoroso, que poderia representar o coração acolhedor e compassivo do Criador.
Ele está na cama dormindo sob o efeito de remédios e eu lhe repasso uma informação que me chegou há pouco tempo, a partir de minha querida amiga, especialista em neuroaprendizagem, Inês Cozzo:
“Pai, lembre que você é Carlos e tem o Rei dos Nomes. Cada uma das suas letras representa uma majestade: “C” de Cristo, o Rei dos Reis. “A” de Amor, o rei dos sentimentos. “R” de Rosa, a rainha das flores. “L” de Leão, o rei da selva. “O” de Ouro, o rei dos metais. E “S” de Sol, o astro-rei.”
Demonstro meu amor com meu olhar, minhas palavras ou meu silêncio, meu toque, meu apoio. Digo o que posso. E, às vezes, mesmo calado, da forma como ele gosta de se comunicar, envio o pensamento: “saiba que estou aqui do seu lado, como seu filho, súdito, admirador e companheiro de caminhada”.
E me encho de esperança ao me lembrar que Deus está silenciosamente ao nosso lado também.
Comigo e com ele.
Pois antes de ser meu pai ele já era filho de Deus.

14- CLIP DA MINHA CANÇÃO "QUERO NASCER": Em favor da Vida

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Amigos, dentre as canções do meu cd Vida Nova (editora Altos Planos), essa é uma das que mais tem servido a campanhas por todo o país e até no exterior.

Trata-se da minha composição entitulada "Quero Nascer". Muitas campanhas de religiões diversas que buscam a valorização da vida, especialmente em prol do respeito àquele que ainda está no ventre da sua mãe, utilizam-na como tema musical.

Isso me enche de grande contentamento, por saber que a arte pode evitar muitos abortos e fazer com que mães jovens procurem os recursos necessários à manutenção da vida que abriga em seu corpo.

Pedidos e vendas: www.altosplanos.com.br / comercial1@casadosespiritos.com.br

Pode ouvir e dar sua opinião.

Grande abraço, com kaurinho!

Kau

Canção Quero Nascer, cd Vida Nova

com 14 canções, editado pela Altos Planos

www.kaumascarenhas.com.br

www.mudandoparamelhor.ning.com

13- RECADO DO LAGO (Texto do meu livro "Mudando para Melhor", ed. Altos Planos)


Recado do Lago


(Kau Mascarenhas)




Sou um lago que reflete o azul do céu, embora não seja o céu.
Mesmo sendo lago, tenho o sol em meu espelho, tenho as nuvens em minha superfície, tenho a lua e as estrelas me adornando.
Vou mudando de forma, continuamente, a depender da estação do ano. Posso tornar-me menor ou maior, mais calmo ou mais movimentado, mais cristalino ou com águas mais turvas.
O mais importante é a riqueza que guardo em meu interior, os peixes que abrigo e a vida que habita ao meu redor, as flores que permito existir às minhas margens e as aves que vêm se encontrar e brincar com minhas águas.
Nunca serei o mesmo e sempre serei eu mesmo.
Não temo a mudança - eu a abençôo.
E quando, mais tarde, deixar definitivamente de ser lago, minha água habitará o oceano ou o mais profundo veio da terra; meu leito será, talvez, uma floresta; e minha memória estará eternizada em todos os que se beneficiaram com meu ser inconstante.


(Texto extraído do livro Mudando para Melhor - programação neurolingüistica e espiritualidade, de Kau Mascarenhas, Altos Planos Editora)

12- A FAGULHA ENTRISTECIDA: Uma Metáfora Sobre Auto-estima (experiência de psicodigitação)

Durante o Simpósio Espírita do Rio Grande do Norte, em exercício de psicodigitação, deixei minha mente relaxar e escrevi essa metáfora que fala sobre auto-estima.
Não posso dizer que se trata de uma comunicação essencialmente mediúnica. O tema em questão é parte da minha vida profissional, pois ensino em meus curso e palestras, dentro de estradas diversas do Desenvolvimento Humano, como a PNL, aspectos que levam as pessoas a amarem mais a si mesmas.
Dedico-me ao labor de escrever, tenho um livro publicado e caminho para lançar o próximo provavelmente até o início de 2010. Portanto, a habilidade de escrever não é algo fora do meu dia-a-dia profissional. Reconheço no texto o meu próprio estilo. Quem já leu meus escritos também é capaz de ver a minha forma nele representada. Sou apaixonado por contos, fábulas, enfim, metáforas que produzam transformações em quem as lê.
Durante o curso Practitioner - Fase II, Curso Avançado de PNL, ensino os alunos a escreverem metáforas transformadoras que possam ajudar pessoas em seus processos de mudança.
Seria mais fácil reconhecer um trabalho genuinamente mediúnico que venha a partir de alguém que não tem as habilidades em questão.
Existem casos de pessoas iletradas que, em transe, escrevem lindos textos filosóficos ou tratados científicos. Outros que, mesmo sendo cultos, nunca foram à escola de medicina. No entanto, fazem diagnósticos precisos e receitam o fármaco mais adequado para o caso de um doente, quando se vêem na influência de um espírito.
Dessa feita, apenas fiquei com a mente relaxada no exercicio, juntamente com outras pessoas, e permiti que as idéias fluissem.
O texto veio tranquilamente, e bastante completo em sua estrutura.
Normalmente quando escrevo é assim que acontece.
Para mim que estudo a vida transcendente desde os 16 anos quando comecei a me interessar pelo espiritismo, a partir da leitura dos livros de Chico Xavier, a mediunidade é uma realidade absolutamente concreta. Ela possui diversas formas e é uma ponte real entre o mundo material e o extra-físico.
Entretanto, levo em consideração a orientação kardecista que nos diz para procurar incialmente todas as causas materiais de um fenômeno e só depois recorrer às explicações espirituais.
Portanto, não posso garantir que se trata de uma comunicação mediúnica.

Bem, não importa exatamente o processo que construiu o conto, se foi de minha autoria ou se na verdade é o trabalho criativo de uma mente desencarnada. O importante é o conteúdo.

Há trabalhos medúnicos de beleza e valor inquestionável, e há também obras bastante medíocres.
Que analisemos o teor, o conteúdo, a mensagem.

Pode também ter sido uma obra de parceria. Na mediunidade intuitiva as coisas acontecem de forma menos ostensiva, não há propriamente uma entidade assinando o trabalho nem um transe comum com todas as caracteristicas conhecidas, como perda total ou parcial da consciência e coisas tais.
As mentes do medium e do espírito se irmanam e trabalham juntas. Penso que a maior parte das pessoas vive esse tipo de intercâmbio sem se dar conta.

Sem mais delongas, segue aqui o texto e fica a critério de vocês pensar se foi meu ou de uma inteligência extra-corpórea. Saliento que eu o digitei em vinte minutos, quase sem correções.
Enquanto eu e mais três voluntários nos colocávamos à disposição do palestrante condutor da experiência, o querido amigo Lindomar Coutinho, um público de aproximadamente cento e cinquenta pessoas nos assistia. Local: auditório da FESA - Natal, Rio Grande do Norte, em 30 de maio de 2009, durante o XIV Simpósio Espírita do RN.

Observação: o termo psicodigitação se refere à atividade mediúnica em que o medium trabalha escrevendo diretamente no meio eletrônico, computador, enquanto a palavra psicografia diz respeito ao trabalho feito através de lapis ou caneta, tendo papel como suporte.

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A Fagulha Entristecida
(Kau Mascarenhas)

Doída por ser tão pequena, a fagulha queixava-se de nada poder fazer. Não era bela como as labaredas da fogueira que crepitavam aquecendo os aldeões, ajuntados ao seu redor.
Não era precisa e poderosa como o raio que cortou o céu em diversas tempestades e gerou espanto na população, que em suas cabanas orou rogando aos céus proteção.
Não podia comparar sua insignificante luz ao brilho das estrelas que pontilhava o firmamento, ou do plenilúnio que, de forma absoluta reinava naquela noite.
A pequena fagulha ainda se perdia nas desnecessárias divagações auto-piedosas e depreciativas, e buscava encontrar o sentido de seu mísero existir quando de um momento para o outro, tudo escureceu.
O vento soprou mais forte e assanhou o cabelo das ciganas, arrancando-lhes os adornos, logo após ter apagado a fogueira. No céu, nuvens encobriram a lua e as estrelas. Minutos antes não havia qualquer indicio de que uma tempestade iria aparecer naquelas paragens.
Curiosamente, a escuridão fez com que a fagulha fosse enxergada por todos.
Ela não era um raio na tempestade assustando pessoas nem os astros do céu enfeitando a abóboda celeste com pingos de luz.
A fagulha não era uma fogueira que permitia calor, aconchego e o preparo de alimentos para aqueles felizes ciganos. Mas lhes chamou a atenção.
A fagulha nunca se sentiu tão observada, todos pareciam encantados com ela.
Cercando-a e observando-a com atenção, eles sorriam ou trocavam comentários admirados, esquecendo inclusive da tempestade que se mostrava cada vez mais perto.
Era um povo que sabia valorizar tudo o que vinha da Mãe Natureza e, por menor que fosse, a fagulha se mostrou importante naquele momento.
Um mestre do acampamento se aproximou. Era um ancião muito sábio.
A fagulha não imaginava que seria tocada por aquele ser tão importante.
Ele a tocou gentilmente, e a carregou consigo enquanto se colocava à frente do grupo. Com ela docemente acomodada na palma de sua mão direita, disse ao seu povo:
- Queridos, estando aqui com essa pequena luz aproveito para usá-la na minha lição desta noite. Nada pode representar melhor o que pretendo lhes ensinar. A nossa fogueira não resistiu ao vento. O céu, cobrindo-se de nuvens, escondeu as luzes que há poucos instantes nos distraía os olhos. Mas essa pequena luz permanece nos encantando com seu brilho esmeraldino.
Todos estavam silenciosos e bebiam as palavras do idoso que parecia cercado de uma luz diáfana e misteriosa. Queriam saber onde o mestre iria chegar, com suas palavras tão gentis dirigidas àquela pequena luz. E a própria fagulha ainda não entendia onde estava a importância que o velho percebia nela.
- Meus filhos, muitos dos astros que brilhavam no céu há poucos instantes já deixaram de existir, uma vez que milhares de anos-luz nos separam do espaço em que orbitam. Esta pequena luz que aqui está, não. Ela mostra sua presença e mesmo tão minúscula continua existindo e se mantendo. A própria lua que agora se encontra encoberta por negras nuvens, apenas reflete a luz de um astro maior, o sol. Mas a nossa pequena luz aqui tem brilho próprio, que vem de si, e não toma emprestado luminosidade de outrem. Os raios que cortarão o céu em breves instantes durante a tempestade, nunca serão tocados, nem mansos como ela que aqui nos oferece o que pode. Mesmo pequena, tudo o que tem ela nos dá. Não ameaçará nossas plantações como eles, nem queimará nossas cabanas, como os indisciplinados raios que fazem dormirmos assustados nas noites de chuva feroz. Olhem que coisa curiosa... Ela é cheia de autonomia, cheia de flexibilidade e leveza, a tal ponto que a lançarei agora no ar e ela viajará para onde quiser, voando pela noite.
Dizendo isso, o sábio sacudiu a mão no ar e a pequena fagulha voou no espaço, flutuando e sendo acompanhada pelos olhos curiosos de todos os que ali se encontravam no círculo.
- Todos nós somos como essa pequena luz, continuou o idoso, e podemos usar tudo aquilo que temos, por menores que sejam nossas possibilidades, para encantar o mundo e a vida daqueles que estão na escuridão.
Dizendo isso, o mestre pediu que todos voltassem às suas cabanas, prendessem os animais e fizessem seu acampamento-aldeia se preparar da maneira mais segura para a tempestade que não demoraria a chegar.
Todos estavam mais felizes e entenderam o que o sábio queria dizer. Aquele pai-avô-mestre-guardião estava animando a todos a encontrar a própria luz e a fazer cada qual a sua parte, pois o mais importante é que nos sintamos especiais sendo quem somos.
Já a pequena fagulha, encontrara a resposta para o sentido de sua existência. Não mais se diminuiria diante de luzes maiores que ela.
Não mais viveria em angústia por imaginar-se insignificante.
Sabendo-se importante, dona de sua própria luz, luz que não se apagava mesmo com o sopro do forte vendaval, capaz de voar pelo céu e de escolher seus caminhos, estava mais feliz também por perceber que servira ao mestre em sua lição para pessoas que agora, gostariam mais de si mesmas.
Agradeceu a Deus por ser do seu jeito. Minúscula, mas bela. Dona do brilho que emitia e senhora dos seus vôos e caminhos. Uma verdadeira jóia flutuante.
A fagulha finalmente sentiu-se feliz por ser quem era: um singelo vagalume.

(Kau Mascarenhas)

11- AQUI E LÁ: Carta aos que "perderam" uma criança


Escrevi esse texto para uma família enlutada. O bebê, após longos meses de doença, não resistiu e morreu. Senti-me solidário com a dor daqueles pais, e de toda a família.

A forma que tive de ajudar foi escrevendo essa carta.

Espero que sirva para aplacar outras dores semelhantes.


Beijo e paz a todos!


Kau


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Partiu, o anjo. Assim como veio, ele se foi.

Rápido. Tinha asas ligeiras.

Sua missão era trazer esperança e fortalecer laços de amor.

Sim, qual a melhor razão para chegar um anjo em nossas vidas?

Dizer, sem palavras, que existe o outro lado e que Deus continua acreditando em nós sempre, mesmo que nós não acreditemos nEle o tempo todo.

Seu vôo suave e tão breve veio mostrar o dinamismo da vida e lembrar que tudo se renova, tudo continua.

O anjo veio também para unir, fortificar os laços. Ele queria aproximar os corações que o tempo e os desencontros das estradas distanciaram.

Aqui ele deixou lições ricas em superação, cheias de encantamento.

Fez ver o quanto pode o Amor quando colocado a serviço de um propósito.

Quanta energia ele fez surgir! Muita gente aqui despertou, e se movimentou, e fez coisas acontecerem por causa dele!

Agora ele está lá.

E lá, numa escola feita com sonhos e flores, ele foi recebido pelos anjos professores que lhe deram parabéns. Ele fez tudo o que precisava e queria fazer.

Foi congratulado pela inocência em seus esboços de sorriso que renovavam forças em momentos de dor.

Foi premiado pela placidez que conservou nas horas em que tudo parecia ruir. Foi abençoado por ter aprendido e ensinado tantas lições transformadoras. Sua história foi curta, mas bem escrita.

De lá ele nos observa agora. Vê que, aqui, ainda choramos, e que igualmente somos crianças. Mas ele compreende que em nós há lágrimas pedindo para sair e precisam ser escoadas.
Contudo, com o carinho excelso que só os anjos possuem ele pede para que, no tempo certo, sequemos nosso pranto. Pois se chorarmos daqui, ele chorará de lá também. Os anjos são assim...

E se acreditarmos na Sabedoria Infinita que rege a Vida, saberemos que as asas novas dele se alimentam dos nossos sorrisos, e quanto mais fortes estivermos mais ele se sentirá feliz. Mais firmemente poderá voar.

Felicidade é um grande chamariz para os anjos, sabia?

Assim sendo, logo ele poderá voar por aqui de novo. De fato, o aqui e o lá são terras distantes.

Entretanto, a conexão entre nós e o anjo permanece. Pois entre esses lugares existe uma linda ponte.

É eterna, mesmo invisível.

E, por isso, mais forte que a rocha, embora feita com o pó brilhante das estrelas.

É uma ponte muito bela...

Ela se chama Amor.